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terça-feira, 11 de março de 2025

Blusa do janota, Vladimir Maiakóvski, tradução ao português de Adrian dos Delima.

 





                

Poema de Vladimir Maiakóvski

КОФТА ФАТА

Я сошью себе черные штаны
из бархата голоса моего.
Желтую кофту из трех аршин заката.
По Невскому мира, по лощеным полосам его,
профланирую шагом Дон-Жуана и фата.

Пусть земля кричит, в покое обабившись:
«Ты зеленые весны идешь насиловать!»
Я брошу солнцу, нагло осклабившись:
«На глади асфальта мне хорошо грассировать!»

Не потому ли, что небо голубо,
а земля мне любовница в этой праздничной чистке,
я дарю вам стихи, веселые, как би-ба-бо
и острые и нужные, как зубочистки!

Женщины, любящие мое мясо, и эта
девушка, смотрящая на меня, как на брата,
закидайте улыбками меня, поэта,-
я цветами нашью их мне на кофту фата!

 



BLUSA DO JANOTA

 

Vou e costuro pra mim calças pretas

Com o veludo da minha voz.

Uma blusa amarela com três metros do poente.

Pelo mundo da Nevsky¹, por suas faixas lustrosas,

Vou flanar num passo Don Juan e janota.

 

“Ainda que a terra proteste, em entrega molenga:

"Assim, a primavera verde você violenta!”

Eu jogarei ao sol, com sorriso insolente:

"Na planície do asfalto, do burbúrio me apascento!»

 

Não é porque o céu é azul –

e a terra minha amante entre os preparos festivos 

que dou versos, divertidos, tal fantoches de luvas –

e tal palito de dentes – agudos e requeridos!

 

As mulheres que amam a minha carne e esta,

A menina que como a um irmão me olha,

Atirem sorrisos sobre mim, um poeta –

Em florais os costuro em minha blusa de janota!



Poema escrito em 1913 e publicado pela primeira vez na revista «Futuristas Russos», em 1914.



 

Tradução Adrian dos Delima




 

¹Avenida principal de San Petersburgo.