Poema de Óssa Menor/ Ursa Menor (1925, póstumo) - Omega +
Poema de Poema de La Rosa als lavis/ O Poema da rosa nos lábios(1923)- deixaré la ciutat que em distreu de l'amor
ΩPoema de Óssa Menor - OmegaΩ
OMEGA
l'hora floreix
rosa
vermella
roja i escarlata
—jo sé la noia que es deleix
i l'hora que passa
dansa que dansa—
el meu rellotge té un panteix
sageta d'or i plom a la vegada
l'hora floreix
i és el meu cor com l'esponja espremuda
—ara una esponja que raja d'escreix—
algú emborratxa
amagat
les agulles
cada minut cau com l'aigua de neu
llà on és l'amiga
—i a prop meu cau com l'espuma
ferida.
(de Óssa menor)
l'hora floreix
rosa
vermella
roja i escarlata
—jo sé la noia que es deleix
i l'hora que passa
dansa que dansa—
el meu rellotge té un panteix
sageta d'or i plom a la vegada
l'hora floreix
i és el meu cor com l'esponja espremuda
—ara una esponja que raja d'escreix—
algú emborratxa
amagat
les agulles
cada minut cau com l'aigua de neu
llà on és l'amiga
—i a prop meu cau com l'espuma
ferida.
(de Óssa menor)
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ÔMEGA
a hora floresce
rosa
vermelha
rubra e escarlate
—eu sei da moça que se deleita
e da hora que passa
dança que dança—
o meu relógio tem um arquejo
de uma vez só seta de ouro e chumbo
a hora floresce
e é o meu coração como a esponja espremida
—agora uma esponja que esguicha o excesso—
alguém embaraça
em oculto
os ponteiros
cada minuto cai como a água da neve
lá onde está a amiga
—e junto a mim cai qual espuma
ferida.
(de Ursa menor)
a hora floresce
rosa
vermelha
rubra e escarlate
—eu sei da moça que se deleita
e da hora que passa
dança que dança—
o meu relógio tem um arquejo
de uma vez só seta de ouro e chumbo
a hora floresce
e é o meu coração como a esponja espremida
—agora uma esponja que esguicha o excesso—
alguém embaraça
em oculto
os ponteiros
cada minuto cai como a água da neve
lá onde está a amiga
—e junto a mim cai qual espuma
ferida.
(de Ursa menor)
Nota: Transcrevo o texto em catalão de acordo com o manuscrito do autor e, na tradução, optei por usar a disposição tipográfica que aparece no mesmo, não a disposição que aparece na publicação póstuma de "Ursa Menor", em 1925.
***
deixaré la ciutat que em distreu de l'amor,
la meva barca
el Port
i el voltàmetre encès que porto a la butxaca-
l'autòmnibus brunzent
i el més bonic ocell
que és l'avió
i temptaré la noia que ara arriba i ja em priva
li diré com la copa melangiosa és del vi
-i el meu braç del seu coll-
i veurà que ara llenço la stylo i no la cullo
i em faré el rostre pàl·lid com si fos un minyó
i diré maliciós:
-com un pinyó és la boca que em captiva.
(de El poema de La rosa als lavis)
#######################
deixarei a cidade que me distrai do amor,
a minha barca
o Porto
o Porto
e o voltâmetro aceso que porto no bolso -
o ônibus zunidor
e a mais bonita ave
que é o avião
e tentarei a moça que agora chega e já me faz falta
lhe direi o quanto a taça melancólica é do vinho
-e o meu braço do seu colo-
ela verá que ora deito a tinteiro e não a colho
e farei o meu rosto pálido como se um menino fosse
e direi malicioso:
- como um pinhão é a boca que à minha cativa.
(de El poema de La rosa als lavis)
Notas da mediação/tradução:
voltàmetre – voltâmetro, coulômetro: aparelho para medir a quantidade de eletricidade (cf. Houaiss)... en funció de la quantitat d’un element químic alliberat electroquímicament en un elèctrode *. ( Institut d'Estudis Catalans) --- elèctrode (= português eletrólise)
stylo – estilógrafo; caneta-tinteiro.
Tradução Aftian'dos Delima
Adrian'ofthe Oflima, the translator
Adriano, como todo bom poeta, quanto mais leio Joan Salvat-Passeit, mas me impressiono. Esse poema Ômega é de uma beleza tocante. O trecho, do segundo poema "e a mais bonita ave que é o avião" me deixou com um sorriso nos lábios. Em meu primeiro livro, de 2005, escrevi algo semelhante, olha só: "Na cidade noturna, os homens esquecem que os bombardeiros e as balas perdidas são os únicos exemplares de aves que nos restou; que os navios e submarinos são os únicos peixes que nos sobraram." Que bacana!
ResponderExcluirO poema todo está aqui, ó: http://rafaelnolli.blogspot.com.br/2009/03/memorias-beira-de-um-estopim.html
Parabéns pela tradução! Agradeço por compartilhar! Abraços!
Grande!! Olhei e aconselho. Poema em prosa, forte, como é o trabalho do Rafael sempre. Mas é sempre legal observar que um grande poeta como Papasseit, sem que o saibamos, utilizou alguma imagem ou idéia, ou palavras, semelhantes às nossas. Estas coincidências não são meras coincidências, e sim resultado de um trabalho bem feito de Rafael Nolli.
ExcluirO segundo poema faz parte de um livro considerado, normalmente, "na Espanha" o melhor livro com temática amorosa da língua catalã. "El poema de La Rosa als lavis", conforme algumas fontes, é leitura obrigatória nas escolas de "ensino médio" da Catalunha. A obra vai de caligramas a poemetos feitos de quadrinhas metrificadas. Quanto ao avião, bom, o deslumbramento futurista com a máquina estava aí. Creio em aves mais belas que os aviões, mesmo quando estes não carregam bombas. Tal deslumbramento, no entanto, não compromete o poema e, pelo contrário, nos faz lembrar de quão belo foi o secular sonho do homem poder voar, poder ver o mundo lá do alto, em movimento, etc.
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