Alôssom do dadá. Baseado em obra de Jerome Rothenberg e na Fonte de M. Duchamp. |
UM ÊXTASE EM TUBO DE VIDRO, PARA HUGO
BALL¹
Cabaret Voltaire, Zurique, 1916
Um tubo de vidro
para minha perna diz Hugo Ball
meu chapéu um cilindro
em azul e branco
a noite os
avestruzes alemães o ralo
ele mija em
todos estes que se tornam seu mundo
sua canção dadá, iniciada ali
segura a imagem
até ela vir a nós:
a imagem desde a sua mistura
olha para baixo:
um laço
um revólver
lama
estas contribuem
com a morte dele
e com o que a morte dele contribui
mais tarde, também histérico
também doente com deus
& tempo:
um carrossel
um poeta fritado
peixe
a rainha diz para a mente dele
e entra
onde a rua de espelhos começa
ela vê o rosto dele
refletido
na fome do mundo
como a pena, a consciência
da morte não por morrermos
um tanto mas por sonharmos isso
& porque nossos sonhos não podem
salvar
o morrente último
Hugo
enquanto escrevo este poema
a voz grita
de um outro cômodo
o dançarino/ cantor me chama
de um outro cômodo
eu passo por um obelisco
abaixo da cintura
para cantar minha boca abre
mas gela
a fecho
de pesar por ti
ombula
tak-e
bitdli
solunkola
colapso da língua
tabla tokta tokta takabala
taka tak
um êxtase em tubo de vidro
escapa do tempo
babula m’balam²
a imagem & a palavra
sobre tua cama
caem
crucificadas
de novo o cabaret explode
de novo de novo
fadiga
1
pé
em vidro
um nervo de vidro
&
uma bomba de gás clerical
pula
do cabelo dela
Tradução Adrian'dos Delima
1 poema de "That dada strain", 1983.
2
“ombula/tak-e/bitdli/solunkola” “tabla tokta tokta takabia/
A GLASS
TUBE ECSTASY, FOR HUGO BALL
Cabaret
Voltaire, Zurich, 1916
A glass tube
for my leg
says Hugo Ball
my hat a cylinder
in blue & white
the night the
german ostriches the sink
he pisses in
all these become his world
his dada song, begun there
holds the image
until it comes at us:
the image from its cross
looks down:
a ribbon
a revolver
mud
these contribute
to his death
also to what his death contributes
later, too hysterical
too sick with god
& time:
a carousel
a roasted poet
fish
the queen says to his mind
& enters
where the street of mirrors starts
she sees his face
reflected
in hunger of the world
as pain, the consciousness
of death not
why we die
bit why we dream about it
& why our dreams can’t save
the dying remnant
Hugo
as I write this poem
the voice cries
from a further room
the dancer / singer calls me
from a further room
I step into an obelisk
below the waist
my mouth opens to sing
but freezes
shut
in grief for you
ombula
tak-e
bitdli
solunkola
the collapse of language
tabla tokta tokta takabala
taka tak
a glass tube ecstasy
escapes from time
babula m’balam
the image & the word
over your bed
hang
crucified
again the cabaret explodes
again again
fatigue
one
foot
in glass
a glass nerve
&
a priestly gas pump
pulls
her hair out
&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&
Na direção do equador mas com meus pés ainda mirando o norte¹
olhos pálidos. a árvore
é amigável
amigo Jerome diz ele
meu relógio diz
3:15.
eu ando pela velha esquina da Main Street
passa o Seneca
Theater & cruzo
a ponte. olá
vocês cidadãos de
Salamanca.
olá o cão diz.
ele é o amigo da árvore
& meu.
ele é uma cor amarela
tola. olhos estão brilhando
levemente dentro dos olhos.
em Iucatã os céus nunca são
vagos & as árvores
de Iucatã falam maya.
alguém nos conta:
vocês vão ir em viagem.
Tradução Adrian'dos Delima
1 De A Seneca Journal, 1975. Republicado com nova versão em That DADA Strain (1981)*, com o título de “A Poem – Maybe a dream – For Travelers” (Um poema – talvez um sonho – para viajantes). Nesta segund versão o poeta suprimiu quase toda a pontuação, com exceção dos “dois pontos” na penúltima linha.2 O Seneca Theater (Teatro Sêneca) se chama atualmente Ray Evans Seneca Theater e se localiza na cidade de Salamanca, Nova Iorque, a qual é situada na reserva dos povos Seneca. Todos os seus moradores pagam um valor anual pelo arrendamento da terra junto aos indígenas.
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In the Direction of the Equator but My Feet Still Facing North
pale eyes. the tree
is friendly
friend Jerome he says
my watch says
3:15.
I walk to the old corner of Main Street
past the Seneca
Theater & cross
the bridge. hello
you citizens of
Salamanca.
hello the dog says.
he is the tree’s friend
& mine.
he is a silly yellow
color. eyes are shining
lightly into eyes.
in Yucatan the skies are never
empty & the trees
of Yucatan talk Mayan.
someone tells us:
you are going on a trip.
* Aquele som do dadá. Tradução Adrian'dos
Delima.
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