Adriano de los D'Lima
Aquilo que se perde ou com o que, às vezes, não se perde nada. |
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ÍNDICIO PERMISSIVO
Percam-se neste índice: há algo para achar.
ج Janaína Bueno Bady
Ô Oswaldo
Ferreira
M Marcos
Machado Nunes
S Richard Serraria
x Jéfferson Toupá
H Haroldo
de Campos
?¿
Cabrera da Silva
Ѽ ¿?¿??
Luciana Ferrari (¿?¿??)...........
Č Claudinho
Cláudio?
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M Marcos Machado Nunes
S Richard Serraria
x Jéfferson Toupá
H Haroldo de Campos
Ѽ ¿?¿?? Luciana Ferrari (¿?¿??)...........
Č Claudinho Cláudio?
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JANAÍNA
BUENO BADY
Esferográfica Ou Aliquam Tempus Caneta na mão, Põe-se o monge moderno A compilar o livro. |
***
***
俳 haikus
句
O sol
vem rezar
Seu
ofício matutino
Entre as irmãzinhas.
|
***
***
O rio
ruboriza.
A chaminé do gazômetro
A chaminé do gazômetro
desvanece em cinza.
***
De
dentro do ônibus
A chaminé do gazômetro
Andando pra trás.
A chaminé do gazômetro
***
Fim de
tarde rubro.
No rio de inverno o veleiro
Assopra o que penso.
No rio de inverno o veleiro
***
Cortinas
balançam
Na penumbra os fantasmas
Apenas o vento
Na penumbra os fantasmas
***
Lágrimas
na face
Aceno de despedida
O trem partiu
Aceno de despedida
O trem partiu
OSVALDO FERREIRA |
MEMÓRIAS DO RÁDIO
mama posso ir
PODE
quantos passos
Estávamos no Cambodja
helicópteros despejam
soldados
mama posso ir
PODE
quantos passos
Estávamos no Mecong
Os B52 despejam
napalm
mama posso ir
PODE
quantos passos
Estávamos em MI LAI
os soldados
fuzilam mulheres
mama posso ir
PODE
Poema publicado na revista "O Falares", nº 4, 1995, produzida por estudantes de letras da UFRGS.
***
- Uma flor para Lady Enola -
We’re looking trough out
crash helmet's land
When saw white birds
‘nd Enola Gay kissing
the girl with a hat
on her shoulders
E ele tinha os lábios
muito vermelhos
de tanto, que as mães
diziam dela ser puta
Brincamos na água com sabão
no longe, na barra branca
do horizonte, por trás dos varais
arranha-céus. E eu ali...
ali mãe de sangue até os pulsos
bem fundo no teu útero
Enola, Enola, Mr. President
disse que esta noite
os bombards irão dormir
E nós poderemos passear
nas ruas desertas
de bicicleta
O silêncio é um ferimento
que eu quero dilatar
Poema inédito, década de 1980
que eu quero dilatar
Poema inédito, década de 1980
Título por Adriandos Delima
***
- expresso coffee breakfast -
No chão do quarto
brinco
Estão em greve
no porto de Rio Grande
300 mil dólares de prejuízo
Hot dog milk shake
legiones sunt dominus mundi
um pássaro tece
no chão do sertão
uma mortalha
margarina vegetal
derrete sobre
tua nudez
cheira a orquídeas
região tropical
mãos de barro
amassam taciturnas
amassam taciturnas
Título por Adriandos Delima
Oswaldo Ferreira é ex-poeta marginal e agitador cultural dos anos 70 e 80, Rio Grande do Sul, Canoas, de diversas influências, entre elas Raul Bopp e e.e.cummings. Leitor de Filosofia, Sociologia, História e a Antropologia, intelectual autodidata, participou ativamente na luta contra a ditadura imposta pelo golpe militar de 1964, tendo sido preso por isto. Vivia como um simples chapeador e pintor de automóveis. Atualmente, está formado em história, tem uma oficina de chapeação e pintura e presta assessoria política.
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...Marcos
Machado Nunes...
...Marcos Machado Nunes....
Depois
A
professora
Ivo
comeu a uva
E foi brincar no
pátio
Poema inédito, década de 1990.
Título por Adriandos Delima
|
Marcos Machado Nunes é formado em Letras/ Tradução, e Doutorado em Literatura Comparada pela UFRGS. Junto a Adriandos Delima e outros, foi um dos editores e colaboradores da revista "O Falares", dos estudantes de Letras daquela Universidade. Atualmente vive em Budapeste, ensinando sobre cultura brasileira em cursos superiores da Hungria.
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poema visual de Ricardo Van Steen |
Richard Belchior ( Richard Serraria )
A
grande cidade vai além dos muros
Assim
como as paredes dão vida
às
palavras soltas do cotidiano.
A cidade fala por si só
Em várias ruas desconhecidas e sem nome.
Nem
tudo se esquece pela ação do tempo
E
o que fica é poesia viva
Vagando por entre esquinas e pensamentos.
Poema publicado na revista "O Falares", nº 4, produzida por estudantes de letras da UFRGS.
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Mais um poema salvo do
afogamento de entre papéis guardados que acabariam no redemoinho perdido do lixoluxo. Richard Serraria, o outro lado poeta de um poeta.
Mar repleto
o mar repleto de incertezas
é certo que avisa
a-pressa-das marés
a calmaria das ondas
a dureza dos rochedos.
o céu recheado de vazios
enchendo de avisos
a-pressa-dos aviões
a correria das nuvens
a leveza dos ventos.
amor pleno de dúvidas
decerto que é vasilha
a-pressios-idade cheia da Lua
a inclemência outra do Sol
à singeleza das datas.
Meu casaco vai comigo
e irá sempre
até o fim
até o fim
companhia perfeita
por dentro
com carinho mãos de seda
um abraço de lã
por fora tão quente
que no frio
adormeço
Somente essa calma no ar
me inquieta
e toda vez que o vento
me encontra de frente
a angústia me abotoa
até em cima
*As atuais versões dos dois poemas de Richard Serraria
são resultado de exercício de recriação feito por Adriandos Delima em abril de 1993, na mesma década em que os textos originais foram produzidos. Embora possamos afirmar
que as versões são fiéis ao conteúdo do original, e que as imagens usadas são
as mesmas, os textos de partida do exercício foram, infelizmente, perdidos,
conforme palavras do autor, não sendo-nos possível cotejá-los agora. As alterações feitas pelo autor deste blogue foram
na maneira de expressar as mesmas imagens do original, utilizando-se de outras palavras, ou
seja, reformulando a susbstância material dos poemas (rítmica, gráfica e
fonética), porém mantendo exatamente o sentido total de cada uma das imagens
usadas pelo autor, na mesma ordem encadeadas. Os títulos foram criados no exercício praticado por Adriandos Delima. Em recente diálogo sobre a publicação destas versões, Richard Serraria afirmou que seus poemas desta época "eram individualistas e pueris". Respondi que eram "pueris como Rimbaud".
é formado em Letras-Licenciatura pela UFRGS. Na época de estudante, foi fã de Mário Quintana, pesquisador de João Cabral de Mello Neto e agitador cultural, através da propagação de fanzines no ambiente acadêmico. Posteriormente, foi professor universitário e é, atualmente, vocalista e letrista premiado da banda "Bataclã F.C.", de Porto Alegre.
Mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Serraria
Mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Serraria
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Jéfferson
Toupá
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Mergulharei em escadas de areia
entre o escuro e o nada
Mergulharei em escadas de areia
entre o escuro e o nada
subindo os degraus do chão ao céu
penetrarei na casa construindo
meus olhos?
Ocorre-me que sou o centro do
universo
sete gatos atravessam a rua
deserta
uma vida monótona está diante de
mim
eu sou eterno nesta felicidade
atemporal
que do alto do sobrado desfruto
onde posso ver o mundo sob meus
pés
margem esquecida do mundo
Eu filosofo e divago de onde estou
para quem quer que esteja no
público
um papel rola pelo chão
Vi cair o coração da humanidade
numa única bola incandescente e
brilhante entre os tijolos
uma única estrela é minha
testemunha
e esta parede quando nela me
reclino
para olhar minha estrela solitária
recebe toda a essência do meu
corpo
e isso se trasformará em uma
questão
Onde entraram os sete gatos
saem agora uns três ou quatro
correndo para o outro lado da rua
a realidade entra pela janela num
facho de luz
ninguém sabe quem ela é
Eu atiro uma pedra nos gatos que
restaram
eles disparam como bólidos
a realidade cai nas escadas e se
esfacela
finco uma faca na vida monótona
ela levanta-se com a boca cheia de
sangue
ela avança sobre mim
eu lhe cuspo na cara ela volta
vem com nojo e com ódio
eu a atiro janela afora
Farei uma pergunta ao espaço sobre todas as coisas
Qual é mesmo
a essência das coisas?
Eu que já procurei em
milhares de olhos-alma da rua
pergunto
não encontrei ainda
nem minha própria
definição
porém
tenho em mim a certeza
de haver uma verdade única
procuro uma idéia entre
as árvores
uma luz tênue, uma
ternura
uma alegria oculta
entre uma eternidade
de mil dias frios,
cinzas e chuvosos
à sombra das nuvens
acordarei os anjos
vou ser expulso do céu
e espero pra mim
Muitos elogios!
Poema inédito, final dos anos de 1980.
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Já sei que tens sangue
vermelho em tuas veias
e as negras pupilas
dos olhos
que crescem quando
tórpida estás
e os lábios carnudos
que sorriem
desvairadamente quando
tórpida estás
e as mãos que se
agitam freneticamente
e os envolventes e
longos cabelos negros
presos atrás das
orelhas a escorrer-te pelos ombros
que se movem como medusas
quando tórpida estás
& eu te olho e
busco algo ao olhar
para o alto no espaço
estrelado
e é uma pura mentira
que está o céu nublado
e não consigo ver mas
meus olhos
estão vermelhos
e não consigo ver pois
meus olhos
estão turvos
eu já vi nuvens no
chão e eu já vi nas nuvens coelhos
e só vejo como estás
quando tórpida estás
quando tórpida os
nossos cabelos
ficaram umedecidos
pelo orvalho
insistente é hora de
nos mandarmos dele
atravessas a rua como
o arranque de um carro
quão veloz quando
tórpida estás e eu
caminho calmamente por
entre
latas de lixo onde
gatos vadios entram e olham
procurando achar algo
como eu
que nada vi nas
estrelas
estás aqui entramos
por uma porta de ferro
torpidamente e me
dizes que meus olhos
estão vermelhos quando
mais tórpida estás
atrás da porta cerrada
sem ruído
és o aqui o que posso
achar
No quarto enquanto
colocas esse chapéu de
longas abas
rodando com as mãos na
cintura em frente ao espelho
eu ofegante vejo isto
algo bestial
tuas mãos de luvas de
seda começam
a despir uma peça após
outra
e em um espelho de mim
eu te vejo cruel
e então agora és lenta
quando tórpida estás?
quando tórpida estás
mais uma noite mais
uma vez
quando tórpida estás
ontem hoje e amanhã
talvez
e eu jamais por mais
tórpida
diria jamais
quando tórpida estás
Texto inédito
do final da década de 1980, modificado por Adriandos Delima, em função de original ilegível.
Jéfferson Toupá foi um poeta dos anos de 1980, de influência beat, cubista (Apollinaire) e surrealista (principalmente Artaud), além de Oscar Wilde, Edgar Allan Poe, Rimbaud, Baudellaire e, posteriormente, Fernando Pessoa e T.S.Eliot. Herdeiro das práticas existencias da poesia marginal, participou de grupos de poesia na cidade de Canoas, RS. Antes dos 20 anos de idade abandonou a escrita e mudou de vida. É, atualmente,
Oficial de Justiça na cidade de Navegantes, Santa Catarina.
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haroldo de campos
Poema de 1995, então inédito, que nos foi
enviado por fax e publicado em
"O Falares", nº 4, 1995, revista produzida por estudantes de letras da UFRGS.
Posteriormente foi publicado no livro .
enviado por fax e publicado em
"O Falares", nº 4, 1995, revista produzida por estudantes de letras da UFRGS.
Posteriormente foi publicado no livro .
Crisantempo: no espaço curvo nasce um, 1998.
Esteve, portanto, o poema, distante dos meios literários por 3 anos, embora já conhecido em um meio restrito na capital da província dos pampas.
Haroldo de Campos foi, na
década de 1950 um dos fundadores da poesia concreta no Brasil, bem como de sua
teoria, além de ser um dos principais tradutores deste país, dispensando
apresentações.
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Admiração Intransitiva Da Beleza
Eu tava
no ônibus sentado
Olhei pra
cima
E tinha
uma menina olhando pra fora
Ela tinha
os cabelos muito bonitos
Em 17/05/1994, às 11h da manhã, no Bar do
Antônio, Campus do Vale, UFRGS, Cabrera
da Silva queria dar um exemplo de como escrever um mau poema, ingênuo,
infantil.
Disse estas palavras, e eu as anotei e dei
título. Expressão chupada de Todorov.
Temos aí, um excelente exemplo de poema cubista
cinematográfico.
Quando a pessoa tem jeito, não tem jeito: nada do que invente
é medíocre. Seria isto Arte naïf ou arte
primitiva moderna?
Cabrera da Silva era poeta de botequim, estudante de Sociologia,
abandonou a UFRGS e não tenho notícias de que tenha se graduado posteriormente.
Só se dedicava a escrever em mesas de bar, sob efeito alcoólico, e,
possivelmente, mantenha o hábito até hoje, em algum lugar do mundo. Não há como
saber. Simplesmente, não há notícias dele, desaparecido como foi Rimbaud.
Luciana Ferrari, é para mim, um hieróglifo. Este poema, sem maiores informações sobre a autora, foi encontrado na revista “O Falares”, de nº3 do ano , produzida pelos estudantes de Letras da UFRGS na época, em 1993. Naquele ano eu ainda não participava da edição da revista e tampouco estudava naquela universidade. Se alguém obtiver mais informações sobre a autora do (excelente) poema, envie para poetargs@bol.com.br.
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Ѽ ¿?¿??
Luciana Ferrari (¿?¿??)...........
mesa posta, RUBENS GUILHERME PESENTI |
A mesa posta
tuas costas
Gostas?
Luciana Ferrari, é para mim, um hieróglifo. Este poema, sem maiores informações sobre a autora, foi encontrado na revista “O Falares”, de nº3 do ano , produzida pelos estudantes de Letras da UFRGS na época, em 1993. Naquele ano eu ainda não participava da edição da revista e tampouco estudava naquela universidade. Se alguém obtiver mais informações sobre a autora do (excelente) poema, envie para poetargs@bol.com.br.
Claudinho Cláudio? |