dois
alemães
que desnecessitam tradução
Em um poema que não necessita de
tradução, Ernst Jandl (Viena, 1925),
considerado, às vezes, como um poeta concreto, fragmenta a palavra “Napoleon” (Napoleão),
certamente fazendo uma referência ao último líder político da Revolução
Francesa, o qual pode ter distorcido o espírito desta. Desta forma, Jandl desmonta a palavra
e dispõe seus fonemas de forma um tanto distorcida e burlesca, criando um
efeito cômico para criar sua "Ode ao N", naquilo que costumamos chamar um “poema sonoro”, “poesia
fonética” ou “sound poetry”. Nada que não se fizesse no início do século XX.
Porém, diferentemente do que faz Jandl aqui, os primeiros poetas sonoros criavam com o intuito niilista de dizer nada, ou dizer simplesmente algo
profundamente inconsciente ou primitivo.
ARQUIVO DE áUDIO DO POEMA - 1977 Em sombra, em luz, em som magnífico Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer Assim, de um modo explícito |
ode
auf N
lepn
nepl
lepn
nepl
lepn
nepl
o lepn
o nepl
nnnnnnnn
lopn
paa
lopn
paa
o nepl
o lepn
plllllll
lepn
plllllll
lepn
plllllll
nepl
lepn
plllllll
lopn
paa
noo
paa
noo
papaa
noo
nonoo
nononoo
nonononoo
paa
pl
paa
pl
pl pl
ononn
onononn
ononononn
lepn
eoooo
lepn
eoooo
nepl
ananann
nepl
anananann
eoooo
eoooo
lepn
eoooo
lepn
lepn
eoooo
eoooo
eooooooo
nnnnnnnnnnnnn
pllllllllll
pl
na
naaa
naaaaaaa
naaaaaaaaaaaa
naaaaaaaaaaaa
naaaaaaaaaaaa
pooleon
pooleon
poleeeon
pooleon
poleeeon
naaaaaaaaaaaa
pooleon
poleeeon
naaaaaaaaaaaa
poleeeon
poleeeon
naaaaaaaaaaaa
pooleon
poleooon
pooleon
poleoooon
naaaaaaaaaaaa
nanaa
nanaa
nananaa
nanananaa
naaaaaaaaaaaa
poleoooon
naaaaaaaaaaaa
pooleon
pooleon
poleeeon
poleeeon
poleeeon
poleoooon
poleoooon
ooooon
ooooon
ooooon
lllllllllllllllllllllllllllllll
(Ernst Jandl: Laut
und Luise. Poetische
Werke 2, S. 41)
Versão youtubesca do poema em esculhambante áudio de leitura estundantina em sala de aula, com o riso que o poema merece e pede.
Poeta e artista
visual, concreto e sonoro, neste primeiro poema chamado "O poeta em ação" , Ferdinand Kriwet (3 de agosto de 1942, Düsseldorf) dispensaria as palavras, embora não as dispense de fato. É o que se nota na sequência. Poesia visual pura.
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