Muita arte na rede Ello. Visualize:

Muita arte na rede Ello:

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Um poema de Paul Éluard, dedicado a André Breton. Tradução Adrian'dos Delima.










Queslques-uns des mots qui, jusqu'ici, m'étaient mystérieusement interdits


Le mot cimetière
Aux autres de rêver d'un cimetière ardent
Le mot maisonnette
On le trouve souvent
Dans les annonces des journaux dans les chansons
Il a des rides c'est un vieillard travesti
Il a un dé au doigt c'est un perroquet mûr

Pétrole
Connu par des exemples précieux
Aux mains des incendies

Neurasthénie un mot qui n'a pas honte
Une ombre de cassis entre deux yeux pareils

Le mot créole tout en liège sur du satin

Le mot baignoire qui est traîné
Par des chevaux parfaits plus laids que des béquilles

Sous la lampe ce soir charmille est un prénom
Et maîtrise un tiroir où tout s'immobilise

Fileuse mot fondant hamac treille pillée

Olivier cheminée au tambour de lueurs
Le clavier des troupeaux s'assourdit dans la plaine

Forteresse malice vaine

Vénéneux rideau d'acajou

Guéridon grimace élastique

Cognée erreur jouée aux dés

Voyelle timbre immense
Sanglot d'étain rire de bonne terre

Le mot déclic viol lumineux
Éphémère azur dans les veines

Le mot bolide géranium à la fenêtre ouverte
Sur un coeur battant

Le mot carrure bloc d'ivoire
Pain pétrifié plumes mouillées

Le mot déjouer alcool flétri
Palier sans portes mort lyrique

Le mot garçon comme un îlot
Myrtille lave galon cigare
Léthargie bleuet cirque fusion
Combien reste-t-il de ces mots
Qui ne me menaient à rien
Mots merveilleux comme les autres
Ô mon empire d'homme
Mots que j'écris ici

Contre toute évidence
Avec le grand souci
De tout dire.

***


Algunas das palabras que, até aqui, me foram misteriosamente proibidas

 

A palavra cemitério
Aos outros sonhar com um cemitério ardente
A palavra casinha
A encontramos muitas vezes
Nos anúncios dos jornais nas canções
Ele tem rugas é um velho travesti
Ela tem um dedal no dedo é um papagaio maduro

Petróleo
Conhecido por exemplos preciosos
Nas mãos dos incêndios

Neurastenia uma palavra que não tem vergonha
Uma sombra de cassis entre dois olhos iguais

A palavra crioulo toda em cortiça sobre o cetim

A palavra banheira que é arrastada
Por cavalos perfeitos mais feios que muletas

Sob a lâmpada esta noite caramanchão é um prenome
E rege uma gaveta onde tudo se imobiliza

Fiandeira palavra fondant cama de rede videira pilhada

Oliveira chaminé ao tambor de luzes
O teclado dos rebanhos silencia na planicie

Fortaleza malícia vã

Venenosa cortina de mogno

Velador careta elástica

Machado erro jogando aos dados

Vogal timbre imenso
Soluço de estanho riso de boa terra

A palavra estalido violação luminosa
Efêmero azul nas veias

A palavra bólido gerânio na janela aberta
Sobre un coração batente

A palavra espadaúdo bloco de marfim
Pão petrificado plumas molhadas

A palavra frustrar álcool murcho
Planalto sem portas morte lírica

A palavra moço como uma ilhota
Mirtilo lava galão cigarro
Letargia centáurea circo fusão
Quanto resta destas palavras
Que não me levavan a nada
Palavras maravilhosas como outras
Oh meu império do homem
Palavras que escrevo aqui

Contra toda evidência
Com a grande preocupação
De tudo dizer


O original deste poema foi publicado utilizando recursos tipográficos e dando mais liberdade às palavras, conforme ilustração. Uma raridade, impressa em poucos exemplares a que não tive acesso.
Paris, Guy Lévis Mano, 1937.

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