Le mot cimetière
Aux autres de rêver d'un cimetière ardent
Le mot
maisonnette
On le
trouve souvent
Dans les
annonces des journaux dans les chansons
Il a des
rides c'est un vieillard travesti
Il a un dé
au doigt c'est un perroquet mûr
Pétrole
Connu par des exemples précieux
Aux mains des incendies
Neurasthénie un mot qui n'a pas honte
Une ombre de cassis entre deux yeux pareils
Le mot
créole tout en liège sur du satin
Le mot
baignoire qui est traîné
Par des
chevaux parfaits plus laids que des béquilles
Sous la
lampe ce soir charmille est un prénom
Et maîtrise
un tiroir où tout s'immobilise
Fileuse mot
fondant hamac treille pillée
Olivier cheminée au tambour de lueurs
Le clavier
des troupeaux s'assourdit dans la plaine
Forteresse malice vaine
Vénéneux rideau d'acajou
Guéridon grimace élastique
Cognée erreur jouée aux dés
Voyelle timbre immense
Sanglot d'étain rire de bonne terre
Le mot déclic viol lumineux
Éphémère azur dans les veines
Le mot bolide géranium à la fenêtre ouverte
Sur un
coeur battant
Le mot
carrure bloc d'ivoire
Pain
pétrifié plumes mouillées
Le mot
déjouer alcool flétri
Palier sans
portes mort lyrique
Le mot
garçon comme un îlot
Myrtille
lave galon cigare
Léthargie
bleuet cirque fusion
Combien reste-t-il de ces mots
Qui ne me menaient à rien
Mots
merveilleux comme les autres
Ô mon
empire d'homme
Mots que
j'écris ici
Contre
toute évidence
Avec le
grand souci
De tout
dire.
***
Algunas das palabras que, até aqui,
me foram misteriosamente proibidas
A palavra cemitério
Aos outros sonhar com um cemitério
ardente
A palavra casinha
A encontramos muitas vezes
Nos anúncios dos jornais nas canções
Ele tem rugas é um velho travesti
Ela tem um dedal no dedo é um
papagaio maduro
Petróleo
Conhecido por exemplos preciosos
Nas mãos dos incêndios
Neurastenia uma palavra que não tem
vergonha
Uma sombra de cassis entre dois
olhos iguais
A palavra crioulo toda em cortiça sobre
o cetim
A palavra banheira que é arrastada
Por cavalos perfeitos mais feios que
muletas
Sob a lâmpada esta noite caramanchão
é um prenome
E rege uma gaveta onde tudo se
imobiliza
Fiandeira palavra fondant cama de rede videira pilhada
Oliveira chaminé ao tambor de luzes
O teclado dos rebanhos silencia na
planicie
Fortaleza malícia vã
Venenosa cortina de mogno
Velador careta elástica
Machado erro jogando aos dados
Vogal timbre imenso
Soluço de estanho riso de boa terra
A palavra estalido violação luminosa
Efêmero azul nas veias
A palavra bólido gerânio na janela
aberta
Sobre un coração batente
A palavra espadaúdo bloco de marfim
Pão petrificado plumas molhadas
A palavra frustrar álcool murcho
Planalto sem portas morte lírica
A palavra moço como uma ilhota
Mirtilo lava galão cigarro
Letargia centáurea circo fusão
Quanto resta destas palavras
Que não me levavan a nada
Palavras maravilhosas como outras
Oh meu império do homem
Palavras que escrevo aqui
Contra toda evidência
Com a grande preocupação
De tudo dizer
O original deste poema foi publicado utilizando recursos tipográficos e dando mais liberdade às palavras, conforme ilustração. Uma raridade, impressa em poucos exemplares a que não tive acesso.
Paris, Guy Lévis Mano, 1937.
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