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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Soneto de Mallarmé. Tradução ao português Adrian'dos Delima.



Jacques Jesion, Mallarmé, 2010







Traduzir Mallarmé é sempre um risco. E parecendo este um soneto traduzido para mostrar que sei traduzir sonetos, é simplesmente Mallarmé.
Talvez, eu nem mesmo possa afirmar que sei traduzir sonetos. Lanço os dados, aqui.
Assim fiz. Na verdade, não privilegiei em minha tradução algumas regras clássicas dos antigos tratados de versificação. Traduzo Mallarmé.
Na versão desta peça escrita sem nenhuma pontuação e publicada em 1886, fujo da rigidez das rimas utilizadas ali pelo autor francês, faço uso de um conceito mais amplo e atual de rima.   Se desta maneira  traímos a obra em um marcante aspecto de sua forma, note-se que este não é o principal aspecto daquela. Faço uma tradução o mais literal possível. Busquei, assim, uma certa "hiperliteralidade". Significa que a forma, ali, tem como principal elemento o trabalho com a própria língua, o uso que o poeta faz da sintaxe e da analogia, produzindo significações inusitadas em uma espécie de enigma, mantendo a fórmula do "sugerir, eis o sonho". Pretendemos manter o que poderia haver de mais novo na informação estética veiculada pelo poema, bem como o que poderia conter de novidade formal na época em que foi escrito. Torno, é um fato, o poeta um pouco mais moderno do que realmente foi, neste poema. Mas Mallarmé, que certamente gostaria de ser lembrado pelo que trouxe de inovação, não pelo que conservava, tem a essência da sua invenção aqui preservada. Espero que os leitores de perfil mais pudico saibam compreender minha intenção e apreciar os meus resultados. Espero o acaso.

***



 M' introduire dans ton histoire
 C'est en héros effarouché
 S'il a du talon nu touché
 Quelque gazon de territoire

  A des glaciers attentatoire
 Je ne sais le naïf péché
 Que tu n'auras pas empêché
 De rire très haut sa victoire

 Dis si je ne suis pas joyeux
 Tonnerre et rubis aux moyeux
 De voir en l'air que ce feu troue

 Avec des royaumes épars
 Comme mourir pourpre la roue
 Du seul vespéral de mes chars



        ...




 Me introduzir em tua história
 Isto é um herói amedrontado
 Se o calcanhar foi acertado
 Numa  grama do território  

 Às geleiras atentatório
 Eu não sei o ingênuo pecado  
 Que tu não terias sustado  
 De gargalhar sua vitória  

 Me diz se não sigo faceiro  
 Trovoada e rubi ao eixo
 De ver no ar que o fogo corta
  
 Com estes reinos espalhados
 Como morrer púrpura a roda
 Da tardinha só dos meus carros

                                                          Tradução Adrian'dos Delima 
 
   


   

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