Chamber Music XXXV
Todo dia de água eu ouço o som
Em monotom,¹
Como indo o albatroz avança, torvo,
No abandono,
E ouve o grito do vento ao som
Do mar queixoso.
Do vento gris, do vento frio é o sopro
Onde eu vou.
De muitas águas ouço o som
Lá ao longe.
Pra lá, pra cá, fluindo as ouço,
Dia e noite.
Tradução: Adrian'dos Delima
CHAMBER MUSIC XXXV
All day I hear the noise of waters
Making moan,
Sad as the sea-bird is when, going
Forth alone,
He hears the winds cry to the water's
Monotone.
The grey winds, the cold winds are blowing
Where I go.
I hear the noise of many waters
Far below.
All day, all night, I hear them flowing
To
and fro.
Longos bordões
Dos violões²
Pelo outono
No peito soam
Com um langor
De um só tono.³
Já sufocando
E branco, quando
Soa a hora,
Eu lembro ainda
Dos dias findos
E então choro.
E eu já me vou
Que o vento mau
Me transporta
Pra cá, pra lá,
Feito igual à
Folha morta.
Tradução:
Adrian'dos Delima
Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.
Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure
Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.
1 no original, monótono
2 no original, violinos
3 no original, monótono
3 no original, monótono
Nota crítica: semelhanças sem coincidências.
Nota da tradução do poema de Joyce: Quanto ao "monotom" do XXXV, isto foi neologizado na tradução. No poema original do Joyce não havia nenhum neologismo. Mas já que outros poemas do livro possuíam invenções de palavra, tasquei um neologismo ali, que aí dá pra ter uma idéia mais completa do livro, com a leitura de um poeminha só.
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