Muita arte na rede Ello. Visualize:

Muita arte na rede Ello:

sábado, 30 de julho de 2011

Poema de Jackson Mac Low em português, tradução de Adrian'dos Delima.


Visual poems by Jackson Mac Low

    
 Call Me Ishmael  

               
Circulation. And long long
Mind every
Interest Some how mind and every long

Coffin about little little
Money especially
I shore, having money about especially little

Cato a little little
Me extreme
I sail have me an extreme little

Cherish and left, left,
Myself extremest
It see hypos myself and extremest left,

City a land. Land.
Mouth; east,
Is spleen, hand mouth; an east, land.


***


      Chamai-me Esmael

             “Mas tão certo quanto o erro de ser barco a motor e insistir em usar os remos...” (Renato Russo)

Circulação. E por muito muito
Mentar em cada
Empenho Algum como mentar e em cada por muito

Caixão cerca de um pouco pouco
Moeda  especialmente 
Eu sustento, ter moeda cerca de especialmente pouco

Catão meio pouco pouco
Me extremo
Eu navego ter-me um extremo pouco

Cuidado e ido, ido,
Meu eu mais extremado
Ele olha hipos de meu eu e do mais extremado ido,

Cidade a terra. Aterra.
Mão; leste,
É spleen, boca de mão; um leste, a terra.

                            Tradução Adrian'dos Delima 

*** 


NOtas:

O léxico utilizado no poema, sendo fruto do acaso e sem uma coesão exata, e não possuindo sinônimos perfeitos em português, permitiu que os vocábulos escolhidos para a tradução se aproximassem de forma relativamente livre da proposta inicial do autor, privilegiando principalmente a forma e o método de composição, com uma preocupação de abarcar ao máximo todos os sentidos possíveis do texto de partida da tradução, mas privilegiando, inevitavelmente, alguns destes.  

Ismael – filho de Abraão com uma escrava, preterido na herança do patriarca bíblico, por exigência de sua esposa Sara e determinação de Deus.Le-se em Gênesis 21.9-10 "E viu Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual tinha dado a Abraão, zombava. E disse a Abraão: Ponha fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não herdará com Isaque, meu filho." Após isso Abraão enviou Ismael com sua mãe para o vale árido de Becá, ao sul. Conforme a tradição muçulmana, Ismael teria dado origem a nação árabe, e Isaac origem a nação judaica. No século VII, beduínos liderados por Maomé recuperaram a história de Ismael e, baseados nela, fundaram a religião islâmica. Portanto, no Islã e no Alcorão, Ismael é considerado profeta e ancestral de todos os árabes. Esmael é uma variante popular do nome Ismael, utilizada na tradução para manter a sequência de 3 iniciais dos versos que se organizam de maneira semelhante ao acróstico. 

Coffin - caixão, literalmente, em inglês pode significar um barco ou navio sem serventia, como "banheira" em português. 


Catão – Pode ser um político visto como “radical” e incorruptível na antiga Roma, opositor de César, ou seu avô, Marco Pórcio Catão, “considerado o primeiro escritor em prosa latina de importância; foi o primeiro autor de uma íntegra história da Itália em latim. Alguns historiadores argumentaram que, de não ser pelo impacto que causaram os seus escritos, o grego teria substituído o latim como língua literária em Roma (...)  Como censor, Catão distinguiu-se pela sua conservadora defesa das tradições romanas em contraposição com o luxo da corrente helenística procedente de Oriente(Wikipédia)”.

hypo (s)– usado para quando alguém trabalha por muito tempo e aceleradamente, cometendo erros sob efeito de cafeína, especialmente “typos”, erros ortográficos, de digitação ou tipográficos.  Parece surgir da idéia de auto-injetar-se café sob a pele (hipo).

 
spleen – embora possa significar “baço”, “acesso de raiva”, no inglês, preferimos manter a referência literária do termo, de origem francesa: “Em francês, o termo spleen  representa o estado de tristeza pensativa ou melancolia. (...) O termo foi popularizado pelo poeta Charles-Pierre Baudelaire (1821-1867), mas já havia sido utilizado antes, particularmente durante a literatura do romântico, no começo do século XIX. (Wikipédia)”.







Jackson Mac Low (1922 – 2004) foi um poeta dos EUA, performer, compositor  e dramaturgo, ligado ao grupo Fluxus.  Sua música e sua poesia tem relação direta com a estética do acaso de John Cage . Maiores informações sobre o poeta: http://en.wikipedia.org/wiki/Jackson_Mac_Low 


Foto de 1943
 

sábado, 23 de julho de 2011

Gertrude Stein, poema de Mina Loy traduzido por Adrian'dos Delima.


 
                                                Marie Curie

Gertrude Stein

  Curie
  of the laboratory
  of vocabulary
  she crushed
  the tonnage
  of consciousness
  congealed
to phrases
  to extract
  a radium of the word

  ...

Curie
do laboratório
de vocabulário
ela moeu
a tonelagem
de consciência
sólida de frases
pra extrair
um rádio da palavra 

*** 

Notas para quem não conhece, como eu, a química e história da química: 
*Curie refere-se a Marie Curie, cientista polonesa pioneira no estudo da radioatividade e pela descoberta dos elementos químicos rádio e polônio. 
*No início dos estudos sobre radiação, isótopos de vários elementos obtidos através da deterioração do elemento químico Rádio eram conhecidos como "rádios" (rádio A, B, C, e assim por diante).
*Uma unidade curie de radioatividade, atualmente em desuso, se baseia na radioatividade do rádio-226. 

 Mina

domingo, 17 de julho de 2011

Poema de "TRANSIT OF VENUS", de Harry Crosby


Poem                        



The moon, as yon dead,
The rolling,
The whole kin
The whole wide
There is not in the wide
This great roundabout
This gross, hard-seeming,
This my,
This little
This pendent
This unintelligible,
Thou are the whole wide,
Three corners of the
Tired of wandering orbit. 
 




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Poema

A lua, como além morto,
A revolução,
A família toda
A amplitude toda
A amplitute não tem
Aquela rotatória vasta 
Aquele todo, parecedor extremo,
Aquele meu,
Aquele mínimo
Aquele suspenso
Aquele ininteligível,
Amplitude toda tu és,
As três esquinas do
Afadigado de órbita nômade..  



Tradução Adriandosdelima

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Poema LVI de "Love poems from Marichiko", de Kenneth Rexroth. Tradução Adrian'dos Delima


   
   LVI                                                                                               

   This flesh you have loved
   Is fragile, unstable by nature
   As a boat adrift.
   The fires of the cormorant fishers
   Flare in the night.
   My heart flares with this agony.
   Do you understand?

   My life is going out.
   Do you understand?
   My life.
   Vanishing like the stakes
   That hold the nets against the current
   In Uji River.





                                        

      LVI


   Esta carne que já amaste 
   É frágil, oscila por natureza 
   Como nau sem norte. 
   Os fogos da pesca com aves 
   Tremem na noite. 
   Meu coração pisca com esta agonia. 
   Entendes? 

   Minha vida se extingue. 
   Entendes? 
   Minha vida. 
   Desvanecendo como as estacas 
   Que seguram as redes contra a corrente 
   No Rio Uji.




                                                       Tradução Adrian'dos Delima





cormorant fishers: ainda comuns no extremo oriente, são pescadores tradicionais que utilizam aves (cormorões, semelhantes ao biguá) amarradas a uma vara para a captura do peixe.


   



quinta-feira, 14 de julho de 2011

Mais um poema de "CHARIOT OF THE SUN", Harry Crosby, publicado em 1927, este, menos arrojado formalmente



 
 PROPORCIONAIS                                                                                             

  Nunca oro entre os bancos cheios                                  
  Da igreja de Jesus
  Nem a aclamá-lo o rei judeu
  Me ajoelho ante a cruz

  Nunca escuto o pastor
  Falar sobre a ofensa
  Nem a Santo ou Sagrado Espírito
  Eu peço alguma benção

  Porém de um par de olhos
  Das cores de uma saia
  Ou por tomar um gim de prata
  Minha alma um canto ensaia

  E o sol pela parede
  Me mostra de passagem
  A graça que a Deus vou tecendo
  E a toda a Eternidade
 Tradução Adriandos Delima

 
 PROPORTIONATE                                                                               

 I never go to church to pray
 Among the crowded pews
 Nor kneel before a crucifix
 To hail the king of Jews

 I never say a prayer
 To Saint or Holy Ghost
 Nor listen to the preacher's word
 That talks of sin the most

 But in a pair of eyes
 Or drinking silver gin
 Or in the colors of a dress
 My soul begins to sing

 And sunbeams on the wall
 Reveal sometimes for me
 The beauty that I weave for God
 And for Eternity.





terça-feira, 12 de julho de 2011

Harry Crosby, de "CHARIOT OF THE SUN", 1927. Tradução quase óbvia e outra.Adrian'dos Delima.


POEM FOR THE FEET OF POLIA                                           

they have walked through the gateways
of my eyes
they have climbed the mountains
of my body
they have marched across the desert
of my heart
they have forded the rivers
of my mind
they have penetrated into the dark forest
of my soul

if I were a cannibal I might devour them
if I were Pilate I might crucify them
if I were a sorcerer I might make them vanish away
if I were Neptune I might drown them
if I were a robber I might steal them

but I am a bridge to the sun
bridge leading away from a world of pain
bridge leading away from a night of sin
bridge over the abyss of doubt
bridge for the feet of Polia to the Sun  


                        ***                          


POEMA PARA OS PÉS DE POLIA

  eles andaram pelos portões
  dos meus olhos
  eles subiram as montanhas
  do meu corpo
  eles marcharam através do deserto
  do meu coração
  eles vadearam o rio
  da minha mente
  eles penetraram na floresta escura
  da minha alma

  se eu fosse um canibal eu poderia devorá-los
  se eu fosse Pilatos eu poderia crucificá-los
  se eu fosse um feiticeiro eu poderia fazê-los desaparecer
  se eu fosse Netuno eu poderia afogá-los
  se eu fosse um ladrão eu poderia roubá-los

  mas eu sou uma ponte para o sol
  ponte conduzindo pra fora de um mundo de penas
  ponte  conduzindo pra fora de uma noite no mal
  ponte sobre o abismo da dúvida
  ponte para os pés de Polia  para o Sol


Tradução Adrian'dos Delima 


Mais um poema de "Transit of Venus", de Harry Crosby.

THE GIRL WITH THE THORN IN HIS SIDE

    

 

      THORN IN THE FLESH

 

    Thorn beneath the milk-white
    Crowned with
    In the flesh

    Thorns beneath the
    Rose without
    On the ground
    On the stalk

    Thousands at her bidding speed
    Countless mourn
    Die without

    Sunbeam in a winter's day
    True as the dial to
    True as the dial to
    True as the dial
    To you.

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ESPINHO NA CARNE

Espinho sob o branco-leite

Coroado em
Entre a carne

Espinhos sob a
Rosa em fora
No solo
No talo

Milhares na rapidez de oferta dela
Incontável chorar
Destino fora

Raio de sol pra um dia de inverno
Vero como o dial vem
Vero como o dial vem
Vero como o dial 
Em você.


                                                                Tradução Adrian'dos Delima 


Na tradução, alguns recursos sonoros e semânticos do texto de partida foram substituídos por outros, relativamente equivalentes, embora nem sempre em posições equivalentes na estrutura dos versos, para recriar razoavelmente os efeitos sonoros e linguísticos propostos no texto original. Linguisticamente, observe-se, o autor operou, em certo momento, como e.e. cummings ao atomizar as palavras em novas unidades semãnticas distintas (whit+in).  Sonoramente, o autor explora como rima semelhanças como “without”, “ground” e “stlak” e “day” e “you”. Explora também a semelhança mais visual que sonora entre “white” e “with”. Para efeitos semelhantes aos do original, uso a hiper-literalidade e aliterações.

domingo, 10 de julho de 2011

MAGIC FORMULA, poema de "Transit of Venus", de Harry Crosby, 1928 (tradução ao português de Adriandos Delima)

illustration by Harry Crosby
in Red Skeletons
MAGIC FORMULA                                                                    

What heavens opened and blazed,
What sisters virtuous,
What arrows sprang to mark,
The trees so terrible and dark,
What years, what hopes,
What lions all amazed,
What fears disguised,
(These antelopes with frightened eyes)
What things are these?

These are the things that all day long
On things made new
After the sunset has merged with the dawn
I bring to you

These are the things that grow less and less
As sleep devours our nakedness.



*********************************** 


 
  FÓRMULA MÁGICA

  Quais céus abertos e inflamados,
  Quais irmãs virtuosas,
  Quais flechas surgiram como desígnio,
  As árvores tão sombrias e terríveis,
  Quais anos, quais esperanças,
  Quais leões bem maravilhados,
  Quais medos disfarçados,
  (Estes antílopes com os olhos transidos)
  Quais coisas são estas?

  Estas são as coisas que durante todo o dia
  Sobre coisas feitas novas
  Depois que o ocaso se fundiu com a alvorada
  Eu trago a vós

  Estas são as coisas que germinam menos cada vez
  Como o sono devora nossa nudez.


 Tradução Adriandos Delima

Requisites, poema de "Transit of Venus", de Harry Crosby, 1928 (tradução ao português de Adrian'dos Delima)

REQUISITES

Of the moon,
Of the wind,
Of the frozen sea,
As ice, be thou,
As evening dew,
As the icicle,
As unsunned snow,
As orchids I shall bring to you-
To me if you are not these
What care I how you be
I shall know tranquillity.







   ****************************              



               REQUISITOS

    Da lua,
    Do vento,
    Do mar congelado,
    Qual gelo, sê tu,
    Qual orvalho do crepúsculo,
   
Qual o sincelo,
   
Qual neve sem um sol,
   
Qual orquídeas que a vós trazer vou -
    Ou a mim, se não sois estes
    Que me importa como serdes
    Eu devo saber placidez.


                                                            Tradução Adrian'dos Delima 


quarta-feira, 6 de julho de 2011

Dos "Poemas de Amor de Marichiko", de Kenneth Rexroth

               VII. Making love with you...                                 

              Making love with you
             Is like drinking sea water.
           The more I drink
         The thirstier I become,
       Until nothing can slake my thirst
     But to drink the entire sea.



...................................................


  VII

 Amar com você
 É como beber água do mar.
 Mais bebo
 Mais fico sedenta,
 Até água alguma saciar minha sede,
 Somente beber o mar inteiro.  





































     Quem é? Sou eu.
    Eu quem? Eu sou eu, você, você.
   Mas você rouba meu pronome,
  E somos nós.




Traduções Adriandos Delima 

No livro de 1978, escrito em duas versões, em japonês e em inglês, Rexroth apresenta Marichiko assim "Marichiko is the pen name of a contemporary young woman who lives near the temple of Marishi-ben in Kyoto." Ela é, no entanto, um personagem criado pelo poeta norte-americano, que redigiu a versão dos poemas em duas línguas.