Muita arte na rede Ello. Visualize:

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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Salmo I, poema de Ernesto Cardenal traduzido ao português por José Eduardo Degrazia.




Salmo I, poema de Ernesto Cardenal traduzido ao português por José Eduardo Degrazia.

SALMO 1

Bienaventurado el hombre que no sigue las
consignas del Partido
ni asiste a sus mítines
ni se sienta en la mesa con los gánsteres
ni con los Generales en el Consejo de Guerra
Bienaventurado el hombre que no espía a su hermano
ni delata a su compañero de colegio
Bienaventurado el hombre que no lee los anuncios
comerciales
ni escucha sus radios
ni cree en sus slogans
Será como un árbol plantado junto a una fuente.


ERNESTO CARDENAL, Nicaragua 1925
de “Tiempo de amor – Liefdestijd”
Poesía Moderna Nicaragüense
Editorial POINT

***

SALMO 1

Bem-aventurado o homem que não segue
as prédicas do Partido
nem assiste aos seus meetings
nem vai sentar na mesa com os gângsteres
nem com os Generais no Conselho de Guerra
bem-aventurado o homem que não espia o seu irmão
nem delata o seu companheiro de colégio
Bem-aventurado o homem que não lê a propaganda comercial,
nem escuta as rádios
nem crê nos seus slogans.
Será como árvore plantada junto à uma fonte.



Tradução José Eduardo Degrazia

terça-feira, 12 de junho de 2018

Dois poemas de Joan Brossa traduzidos ao português.



Poema


La boira ha tapat el sol.
Us proposo aquest
poema. Vós mateix
en sou el lliure i necessari
intèrpret.


Poema

A névoa tapou o sol.
Lhes proponho este
poema. Você mesmo
é o livre e necessário
intérprete.



***


El mirall a la pista

No anava a la recerca de cap tema,
sinó que acceptava allò que li arribava,
encara que fos en forma d’un retall
de diari: en aquesta acceptació natural
s’han anat formant els llibres.
Crear un sentit en coses que no en tenien.


O espelho na pista

Não andava atás de nenhum tema,
senão aceitava aquilo que lhe chegava,
ainda que fosse em forma de um recorte
de jornal: nesta aceitação natural
se vão formando os livros.
Criar un sentido em coisas que não tinham.


***
Joan Brossa i Cuervo (Barcelona19 de janeiro de 1919 — Barcelona, 30 de dezembro de 1998) foi um poetadramaturgoartista plástico e designer gráfico, o máximo expoente da vanguardia artística catalã da segunda metade do XX século.

Foi o inspirador e um dos fundadores do grupo e da publicação como Dau al Set (1948), uma das principais manifestações da artecontemporânea. Poeta total sem distinção de géneros, seu trabalho abarcou poesiaprosa poéticapoesia visualcinemateatromúsicacabarédesign gráficomágica e circo. Sua obra é vastíssima: publicou máis de oitenta libros de poesia, quatro libros de prosa, mais de trezentas cinquenta peças de teatro, sobre mil quinentos poemas visuais...
Em seu trabalho literàrio ele optou por escrever só na sua língua natal, a catalã. Hoje tem sido traduzido para máis de quinze linguas. Fonte: Wikipédia.






sexta-feira, 8 de junho de 2018

Dois poemas traduzidos de Lorine Niedecker.


Keen and lovely man moved as in a dance

Keen and lovely man moved as in a dance
to be considerate in lighted, glass-walled
almost outdoor office. Business

wasn’t all he knew. He knew music, art.
Had a heart. “With eyes like yours I should think
the dictaphone” or did he say the flute?

His sensitivity—it stopped you.
And the neighbors said “She’s taking lessons
on the dictaphone” as tho it were a saxophone.

He gave the job to somebody else.

***

Homem apurado e agradável movido como em uma dança

Homem apurado e agradável movido como em uma dança
ser atencioso em murado de vidro, iluminado
escritório quase ao ar livre. O negócio

não era tudo o que ele sabia. Ele conhecia música, arte.
Tinha um coração. “Com olhos como os teus eu deveria pensar
o ditafone ”ou ele disse a flauta?

Sua sensibilidade – ela te parou.
E os vizinhos disseram: "Ela está tendo lições
no ditafone ”como entretanto fosse um saxofone.


Ele deu o trabalho para outra pessoa.



****************************************************

I rose from marsh mud

I rose from marsh mud,
algae, equisetum, willows,
sweet green, noisy
birds and frogs

to see her wed in the rich
rich silence of the church,
the little white slave-girl
in her diamond fronds.

In aisle and arch
the satin secret collects.
United for life to serve
silver. Possessed.

***

Eu me ergui da lama do pântano

Eu me ergui da lama do pântano
algas, cavalinhas, chorões,
verde doce, ruidoso
pássaros e sapos

para vê-la casar no rico
rico silêncio da igreja,
a pequena escrava-moça
nas frondes de diamante dela.

Em nave e arco
o cetim segredo recolhe.
Unida para a vida para servir

prata. Possuída.





Lorine Niedecker. Desenho de Corina Karstenberg. 
Lorine Niedecker (Black Hawk IslandWisconsin, 12 de maio de 1903 — 31 de dezembro de 1970) foi uma poeta dos Estados Unidos, única mulher ligada ao grupo de poetas objetivistas e considerada por alguns autores como a maior poeta do sexo feminino daquele país desde Emily Dickinson; Fonte: Wikipédia.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

O catalão Jaume Cristòfol Pons Alorda e um poema sobre resistência.





A lei da resistência

Não nos põem tristes.
Batalhamos, batalhamos e batalhamos.

Joan Sales a Mercè Rodoreda
Barcelona, 21 de julho de 1963
Cartas completes

Porque seremos mais altos,
nestes tempos tão baixos.
Faremos de resistir
uma arte. E artesania.
Resistir é o que nos falta.
Não como uma obediência
senão como uma forma
da vida. Resistir.
Sim. Contra a injustiça,
que não tolerararemos
porque não é tolerável,
nem aqui nem em lugar nenhum
nem em algum âmbito de certeza.
Resistiremos muitíssimo
tanto, tanto, que espantaremos.
E o medo não terá
domínio. Resistir.
Obedeceremos aos mestres,
honraremos os clássicos,
bendiremos os pais,
os avós, os bisavós
e todos os que lutaram
porque agora resistimos.
Resistis, boa gente.
Batalhais, batalhais.
Como eles e como tantos outros.
Virão mais tempos escuros,
porém estaremos mais claros.


***

La llei de resistència

No ens hi posem tristos.
Batallem, batallem i batallem.

Joan Sales a Mercè Rodoreda
Barcelona, 21 de juliol de 1963
Cartes completes

Perquè serem més alts,
en aquests temps tan baixos.
Farem de resistir
un art. I artesania.
Resistir és el que ens cal.
No com una obediència,
sinó com una forma
de vida. Resistir.
Sí. Contra la injustícia,
que no tolerarem
perquè no és tolerable,
ni aquí ni enlloc ni en cap
altre àmbit de certesa.
Resistirem moltíssim,
tant, tant que espantarem.
I la por no tindrà
domini. Resistir.
Obeirem els mestres,
honorarem els clàssics,
beneirem els pares,
els avis, els besavis
i tots els que lluitaren
perquè ara resistim.
Resistiu, bones gents.
Batalleu, batalleu.
Com ells i com tants altres.
Vindran més temps obscurs,
però serem més clars.


***



Jaume Cristòfol Pons Alorda (Caimari - Maiorca, 22 de novembro de 1984) é um escritor, poeta e tradutor de Maiorca. Publicou vários poemárioss, entre os quais Cilício (2009) e Carne (2010). Com Fábula (2012), seu primeiro romance, ganhou o Prêmio Padre Colom de Narrativa. Traduziu as Folhas de de Relva de Walt Whitman.