À guisa de introdução
"Uns trastes-véio novo" é mais uma mini-antologia de pequenos poemas descartados que lanço para apreciação dos meus leitores. São poemas curtos e/ou de versos curtos, linha abandonada pelo autor, produzidos do final dos anos de 1980 até meados dos anos de 1990, principalmente, época em que se firma e se estabelece no Brasil um modismo haiku impulsionado pelo sucesso estrondoso de Paulo Leminski fazendo sua mescla de concretismo com o haicaísmo humorístico da linha de Millôr Fernandes.
Em alguma medida, a presente reunião é feita de poemas que participaram do "Volkgeist do tempo", buscando muitas vezes a fanopéia curta e a desconstrução da matéria linguística e sua posterior reconstrução através de padrões rigorosamente "construtivistas" nos moldes de uma certa poesia vanguardista do período pós-II Guerra Mundial, a segunda onda da vanguarda em poesia, diríamos, porém aliadas, no mais das vezes, à antiga ironia modernista de Oswald de Andrade e ao subjetivismo e temáticas surgidas com a contracultura.
ADENDO:
Quando da publicação online destes poemas não julguei necessário lembrar que as línguas, em grande medida ao menos, bem como a grafia das palavras, por completo, são meras convenções. Desta forma, naquela ocasião não julguei conveniente avisar de que me utilizava, na década de 1990, de algo chamado (por mim?) de "linguagem-personagem". Queria eu dizer que convertia a linguagem e/ou a língua escrita em um "personagem" de um texto de forma análoga à que um personagem se insere em uma peça de teatro. Mis especificamente como um mímico. Assim, em um poema como "Ondas contra a rocha", escrevo a palavra "ranço" com "s". Embora, visualmente, meu arranjo me parecesse melhor que usar um "ç", neste momento eu tive aquela intenção de usar a linguagem como um personagem, e o "s" em "ranço" como um porrete nas mãos de um ator mudo e gestual que poderia surgir em uma montagem teatral de Jean Genet.
Espero, com estas últimas palavras, ter esclarecido um pouco as dúvidas que algumas pessoas incautas e com uma visão mais usal e utilitária (e menos poética) poderiam ter quanto ao uso que faço da "língua escrita" nestes velhos poemas.
Uns trastes-véio novo, cut-poemas curtos e/ou de versolinhas curtas, linha já abandonada pelo autor
Adrian'dos DeLima.
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