Publico aqui um poema que jamais
publicarei em livro. Não
que seu momento tenha passado, visto que os problemas expostos aqui continuam a
nos dificultar a existência, incluindo a perseguição publicitária que os
governantes do mundo fazem contra os fumantes, transformados em bodes
expiatórios dos males atmosféricos causados, principalmente, por uma indústria
e por veículos automotores que não estão de acordo, nem com o princípio da
sustentabilidade, e muito menos com as preocupações referentes à qualidade de
vida da humanidade.Ocorre que o
tipo de escrita quase panfletária que usei na época, que me valeu o rótulo de
"ultra-esquerda de vanguarda" (eh, eh), não é hábito meu,
Outro motivo que me leva a publicá-lo agora é o fato
de que, tendo este poema sido refeito há pouco tempo, em sua estrutura
sintática, por um equívoco na edição troquei a palavra "monóxido" por
"dióxido". Visando apagar algum resquício de pontuação, apaguei a
palavra original e a substituí por outra, semelhante em seu significante,
equivocadamente. Se tivesse estudado mais química e estudado menos a minha
percepção do ar que respiro, talvez não tivesse me enganado assim na dita
edição do poema.
Mas deixo aí o poema, interessante para quem nunca
esqueceu as crianças acéfalas tão noticiadas há alguns anos atrás, e também
para quem sofre discriminação social e até agressões nas ruas pelo simples fato
de ser fumante.
E quais são as causas desta tragédia de muitos?
Provavelmente a intenção de economizar alguns tostões com a previdência, o
sistema de saúde, etc.
Poema por ocasião da Medida Provisória
que primeiramente coibiu o fumo de tabaco em alguns recintos no Brasil.
naquela nem manhã manhã
nem sol fumava um cano de descarga
ao meu lado pela avenida
e era tosse e vinha o vômito
do monóxido que me entrava
fossa adentro das narinas
e eu nem idéia tinha
que mais poeta e para a margem
naquele dia eu acordava
mais uma lei ali me empurrava
foi sr. presidente assim o decreto
em ambientes mais obtusos
era onde a lei já se cumpria
à riscado e em linha reta
MANTENHA O AR
PURO
NÃO FUME
É PELA SAÚDE DE TODO O MUNDO
diziam já os cartazes
eu era o fumante pasmo com mais um feito
de apartheid e perguntava
e saúde dos que dormem
na rua mesmo barriga rosnando
na coberta fria de ar
deste meu nada amoenus locus no sul
só um exemplo
deste meu nada amoenus locus no sul
só um exemplo
e que lei que me protege do dragão
que é cada carro e da atmosfera
que se enfumaça pela usança
de cada produto industrioso nosso
e
ora mas tudo isso
é muito
do necessário
já vinham dizendo
no êxtase ainda
os anti-tabaco mas não
pra mim que ando a pé
tem necessidade do seu carro
e pra mim que preciso
é necessário o meu cigarro
que cada qual que um a um
fumo é um dom de ver
a tanta coisa irrespirável
e ao deus ignoto prouvera outra coisa
que é cada carro e da atmosfera
que se enfumaça pela usança
de cada produto industrioso nosso
e
ora mas tudo isso
é muito
do necessário
já vinham dizendo
no êxtase ainda
os anti-tabaco mas não
pra mim que ando a pé
tem necessidade do seu carro
e pra mim que preciso
é necessário o meu cigarro
que cada qual que um a um
fumo é um dom de ver
a tanta coisa irrespirável
e ao deus ignoto prouvera outra coisa
vão lá governos governadores do goela abaixo
dar remédio na boca de fartura felicidade
e ver as bruxas ali logo embaixo
das suas fuças
dar remédio na boca de fartura felicidade
e ver as bruxas ali logo embaixo
das suas fuças