Muita arte na rede Ello. Visualize:

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Poema publicado em versão antiga na revista Babel Poética 3. De Adrian'dos Delima.



Chuy. Poema publicado em versão antiga na revista Babel Poética 3.


     Lembrando do Poética, daquela crítica ao dicionarismo impossível hoje porque esculachado por Manuel Bandeira e outros, mas contundentemente por Bandeira com aquele seu “lirismo funcionário-público ... que pára e vai averiguar o cunho vernáculo de um vocábulo", mais ou menos isto, e lembrando da teoria de Pound sobre a imagem ou, mais aperfeiçoadamente, o vórtice, além de lembrar também daquela essência concreta da linguagem de que nos fala  Lévi-Strauss, resolvi reescrever este poema, publicado na revista Babel Poética 3, na página 55. A  revista Babel Poética foi, de acordo com o projeto, temática, e sua número 3 foi dedicada ao tema fronteiras.



                CHUY


Nem sei de origem tua da boca de que povo saiu

mas decerto vem da chuva caindo

oralidade que era fala do céu 



mal sabido Éolo

é o vento forte

que era filho de Posêidon

...



Naquelas nuvens lá que se acendem

têm o riso que precede o estrondo

Do estrondo cai um balão d’água que estourou no alto



Não ouço o ribombar dos carnavais lá fora

aqui até onde sempre chega o Carnaval



Mas hoje é a noite que o Carnaval foi embora

levando consigo os blocos dos ladrões que vieram

rapinar a praia e também os dos bêbados afoitos



Depois de lavar a orla

A chuva enfim acomodada vai

rumorejar com o mar

hoje de manhã

É esse o vaticínio das águas


...



Depois de

varrer o Carnaval desde o início

Éolo, o gari irônico

dançou dançou com

sua vassoura seu Carnaval

por muitos dias ainda.
                                                              14 02 2010




Poema publicado em versão antiga na revista Babel Poética 3.   daunloude


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Poema de Horizon carré, Vicente Huidobro,1917. Traduzido ao português.


  

        Poema de  Horizon carré, Vicente Huidobro,1917.          †
                                                          †



AÉROPLANE
Visual Poem by Vicente Huidobro


Une croix
             s'est abattue par terre

Un cri brisa les fenêtres
Et on se penche
                     sur le dernier aéroplane

Le vent
          qui avait nettoyé l'air
 A naufragé dans les prernières vagues

La poussée
              persiste encore
                               sur les nuages

Et le tambour
                     appelle quelqu'un
 Que personne ne connaît

Des mots
                     derrière les arbres

La lanterne qu'on agitait
                                     était un drapeau
 Il éclaire autant que le soleil

Mais les cris qui enfoncent les toits
                                     ne sont pas de révolte
 Malgré les murs qui ensevelissent



                 LA CROIX DU SUD
              
Est le seul avion

                     qui subsiste
                    




Vicente Huidobro
De Horizon carré, 1917




AEROPLANO


Uma cruz
              foi caída por terra

Um grito quebrou as janelas
E a gente se inclina
                  sobre o último aeroplano

O vento
         que havia limpo o ar
Foi naufragado às primeiras ondas

O impulso
            persiste agora
                           sobre as nuvens 

E o tambor
                 apela a algum
Que as pessoas desconhecem

Dos ditos
                  detrás das árvores

A lanterna que dava acenos
                                         era um pendão
Ele aclara tanto qual o sol

Mas os gritos que escavam tetos
                                    não são de revoltosos
Malgrado as paredes que sepultam


                    A CRUX DO SUL

É o único avião

                 que subsiste


Tradução Adrian'dos Delima





Nota:  Optei por manter o nome científico do Cruzeiro do Sul (Crux, “A Cruz”) em função de manter a métrica do original, da qual procurei não me afastar ao longo da tradução. E também em função do uso do "X", que lembra uma cruz, ou avião, iconicamente.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Le dormeur du val, ou dois poemas do jovem Richard Serraria.



          Le dormeur du val, ou dois poemas perdidos do jovem poeta Richard Serraria, em versão de Adrian'dos Delima.*


    Abril

 Meu casaco vai comigo
 e irá sempre 
 até o fim
 companhia perfeita
 por dentro
 com carinho mãos de seda
 um abraço de lã
 por fora tão quente
 que no frio 
 adormeço

 Somente essa calma no ar
 me inquieta
 e toda vez que o vento
 me encontra de frente
 a angústia me abotoa
 até em cima
  




Fotografias velhas

 Amar
 Amargas
 margaridas

 As
 áridas
 amarguras
 da vida

 Amarelecidas




*As atuais versões dos dois poemas de Richard Serraria são resultado de exercício de recriação feito por Adriandos Delima em abril de 1993, na mesma década em que os textos originais foram produzidos. Embora possamos afirmar que as versões são fiéis ao conteúdo do original, e que as imagens usadas são as mesmas, os textos de partida do exercício foram, infelizmente, perdidos, conforme palavras do autor, não sendo-nos possível cotejá-los agora. As alterações feitas pelo autor deste blogue foram na maneira de expressar as mesmas imagens do original, utilizando-se de outras palavras, ou seja, reformulando a susbstância material dos poemas (rítmica, gráfica e fonética), porém mantendo exatamente o sentido total de cada uma das imagens usadas pelo autor, na mesma ordem encadeadas. Os títulos foram criados no exercício praticado por Adriandos Delima.  Em recente diálogo sobre a publicação destas versões, Richard Serraria afirmou que seus poemas desta época "eram individualistas e pueris". Respondi que eram "pueris como Rimbaud".


Richard Belchior, mais conhecido como Richard Serraria 
é formado em Letras-Licenciatura pela UFRGS. Na época de estudante, foi fã de Mário Quintana, pesquisador de João Cabral de Mello Neto e agitador cultural, através da propagação de fanzines no ambiente acadêmico. Posteriormente, foi professor universitário e é, atualmente, vocalista e letrista premiado da banda "Bataclã F.C.", de Porto Alegre. 

Mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Serraria


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O trânsito em transe, ou dois poemas de Adrian'dos Delima. O trânsito em transe, ou dois poemas de Adrian'dos Delima. O trânsito em transe, ou dois poemas de Adriandos Delima.




                 passe   



                                1.

passe


passe
passe
passe
    
  

NA TRADIÇÃO FUTURISTA (OU NA TRADIÇÃO-ANTI)


1. trânsito em transe

os cruzamentos e as rótulas tensas
os automóveis se olham
as cidades do futuro não avançam
a vez das bicicletas prende a respiração
os idosos não dão o primeiro passo incerto
os bêbados praguejam
ninguém sabe até onde 


2. eco-carroças contra a privatização do lixo

os carroceiros futuristas se carregam de sacos pretos
as cabeças dos carroceiros ficam entre grandes fones de ouvido antigos
os narizes e bocas dos carroceiros são feitos de máscaras cirúrgicas
as camisas pele punk de panos costurados levam mensagens escritas
as pessoas da rua talvez não saibam ler de verdade   
os automóveis não conseguem atropelar as carroças
alguns só conseguem imaginar pena dos animais

3. todo o ódio futurista aqui desenvolvido

os autos odeiam
autos odeiam é verdade as motos também
bicis
bêbados
velhos
e claro
quando não estão somente indiferentemente ligados nos seus celulares
nas suas musiquitas
e + mas + ignorar as carroças não podem
os autos que só cuidam do seu próprio couro de lata
e até gospem homenzinhos vermelho-
gritão
se estourando as veias no pescoço
prontos pra
à soco
de ódio
a pior guerra tribal
quando a tinta do carro passa por algum arranhão 

4. olha o relógio

diferenciando
é a hora intransitiva das leis
limparem a rua
(Coronel Motors
ao juiz)
sem o carro
de  animal trabalho
fumegando bosta
de comer lixo
e motoristas obsoletos
não sabemos descrever
serviço limpo





Publicado na íntegra em versão antiga na Germina Literatura & Arte... 







Poema parcialmente publicado na revista Babel Poética 3.   daunloude





 
                                                                                                                                      passe
                                                                                                                             






 passe,

////////////////////////////////////////////////////
na faixa de insegurança





passe a frente, por favor

2.













AUTO Da autombusB ARCA Do Glória Para A GLÓRIA
Tomando o Maximbombo de carona com Ronald Augusto  

 passe, diz o cobrador





                           


o povo passa a
the people
a si smashing pumpkins
self-servem-se deles
na machine pump
do maximbombo
McDonald's logo
marcas iguais para os pessoas do mundo todo

e passa e a sis ses mobiliza de esguelha das
rugas-
pegadas de bombas
entre estreitadas de trancos
nas bandas quais em Gaza
os seus condutos de embate quot-
diário
de minuto em minuto
o Seu Motora que retrava
ajeitando os abóboras

o povo passa
a poucos metros da
qui a poucos kilo ou
metros/hora
muitas kilotoneladas de povo bem prensado
para entrega
auto-delivery em se trainning by o que aprendem
num wawabondi caminhão de vaca
havia um verso
lá detrás naquele trem metrô
passa boi passa boisada
passa bonde que passa que passa não pára
e assim por diante
é um verso vindo de todo lugar
não tem de nascença origem certa 

e assim a
el pueblo no pasarán
o povão se mexe
as orgs futuras
passado
os govs do futuro passam
as políticas sejam quais
idéias
até os deuses reis
seus me-réis
amassou a todos o tempo e sempre
o que sobrou foi esta massa
sem tabletes de lei
esfarinhou-se
o bonde da história faz passados

os povos passam
no montado auto do autobuscarro ágrapho quase escrito

em língua esperanto pelo coletivo auto omnibus
no ponto de
esperando chegar passados
tais
sem esperar quefuturos mais

passe, minha senhora, meu senhor







Jornal Diário Gaúchotablóide do grupo RBS de comunicações, RGS, Brasil.


"Os ônibus do Bairro Glória, são uns absurdos nos horários do pico. R22, R21, Embratel, Glória Belém Velho, superlotados – com a passagem no preço que está.

Ana Cláudia Carvalho – Porto Alegre



INFORMANDO COM ÉTICA E IMPARCIALIDADE















Carlos Silva - Sobral/CE 
23/02/2011
“... o nobre edil quer a solução do problema, e se o município não tem condições financeiras para contratar um carro, talvez tenha condições de pagar uma carroça, sem falar que uma carroça polui menos...