Muita arte na rede Ello. Visualize:
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sexta-feira, 31 de maio de 2013
domingo, 12 de maio de 2013
100 ANOS SEM ELENA GURO, PRIMEIRA EDITORA DO FUTURISMO RUSSO CANÔNICO. UM POEMA EM PORTUGUÊS.
100 ANOS SEM ELENA GURO, EDITORA DO FUTURISMO RUSSO CANÔNICO
Neste mês de maio de 2013
estamos homenageando a poeta, pintora e primeira editora dos poetas conhecidos por nós brasileiros e lusófonos como pertencentes ao chamado cubofuturismo de Maiakóvski. Elena Guro nasceu em San Petersburgo, em 30 de maio de 1877 e partiu do mundo em Uchikirkko, Finlândia, em 6 de maio de 1913, tendo então se completado 100 anos de sua morte.
Segundo a Dra. MARY COGHILL da London Metropolitan University (Russian Formalism and Revolution), conforme palavras do seu marido, o
músico associado ao futurismo russo, Mikhail Matiuchin, o seguinte poema, publicado em "Camelos Celestiais" (1914, após sua morte), foi uma espécie de descrição dos colegas futuristas contemporâneos feito pela vanguardista Elena Guro.
É uma tradução provisória, respeitando rigorosamente a posição das rimas e, como de hábito, em se tratando de línguas que desconheço, posponho à minha tradução uma tradução mais próxima do literal, sem compromissos com a estética original do poema de Guro.
Do livro «Небесные верблюжата», 1914)
***
Ветрогон, сумасброд, летатель,
создаватель весенних бурь,
мыслей взбудораженных ваятель,
гонящий лазурь!
Слушай, ты, безумный искатель,
мчись, несись,
проносись, нескованный
опьянитель бурь.
***
Cabeça-de-vento, voador, arrojado,
autor de tormentas primaveris,
escultor de pensamentos agitados,
o azul seguis!
Ouvi, vós, - pensador desajuizado
-,
é arrancar, riscar,
rodopiar, - entorpecedor
inato de temporais.
Elena Guro - Trad. Adrian'dos Delima
De "Camelos celestiais (1914)"
Carminativo, impulsivo, voador, louco ... flutuante
criador de tormentas de primavera,
tempestades
escultor de ideias inquietas, agitadas, pensamentos
seguindo o azul!
Ouça,você, cientista
sem juízo, pesquisador... insano,
imprudente
arrancar, riscar,
rodopiar,
inato
entorpecedor
de tormentas.
NOTA: arrancar, riscar, rodopiar são um grupo de palavras(o grupo
azul,rimado, além do mais) que já uso, em português, na verdade, para criar uma certa harmonia. como no original, pertencem todas a um mesmo campo semântico e, mais, são sinônimas imperfeitas, como qualquer sinônimo. a idéia básica é "correr": a velha velocidade futurista. pé na tábua, passar feito um foguete, voar, passar como o vento, sair apressado - idéias assim.
segunda-feira, 29 de abril de 2013
segunda-feira, 25 de março de 2013
Babel Poética 5 – Um índio descerá ou o Superman romântico
Babel Poética 5 – Um índio descerá ou O superman romântico
A última edição da Revista Babel Poética, de Ademir Demarchi e
outros, foi mais uma edição temática, esta sobre o 'índio' (os povos
precolombianos da América), o 'índio' em cada um de nós, etc. e, inclusive, o
"índio" que não quer ser "índio" ou, menos ainda, selvagem.
Com a palavra, os editores: Esta quinta edição de Babel Poética, de uma série de 6 planejadas, tem
como tema o índio e sua cultura. Isso está expresso aqui, na primeira parte da
edição, através de poemas e textos de índios mesmo e, em contraste, na segunda
parte, composta com textos de não-índios que têm se interessado pela questão.
Participaram os poetas Ademir Assunção, Adriandos Delima (Adrian'dos Delima), Angela
Mendes Ferreira, Armando Morubo, Carlos Tiago, Daniel Munduruku, Douglas
Diegues, Eliane Potiguara, Enzo Potel, Graça Graúna, Guillermo Sequera, Jairo
Pereira, Joca Reiners Terron, José Leite Netto, José Otávio Carlomagno, Josely
Vianna Batista, Juayran, Laisa Kaingang, Luiz Ruffato, Marciano Lopes, Márcio
Rufino, Marco Cremasco, Maria Aparecida Nunes Barbosa, Mary Pitaguary, Poeta de
Meia-Tigela, Ricardo Corona, Rudinei Borges, Sandra Santos, Sérgio Buarque de
Hollanda, Tadeu de Moraes Delgado, Vinicius Lima, Waldo Motta, Zé Fragoso, se
não esqueço algum maluco.
Impresso julho 2012.
Poemas de Adriandos nas pp. 53-55.
segunda-feira, 18 de março de 2013
Dois poemas do espanhol Francisco Cenamor, traduzidos ao português por Adrian'dos Delima.
Dois poemas de Francisco Cenamor
Um pouco depressivos, talvez, em desacordo com o perfil, em linhas gerais, deste blog que prima pela dureza dos seus discursos, a essência que o faz marginal, os poemas de Francisco Cenamor (Espanha, 1965), aqueles que venho podendo observar, têm, no entanto, uma interessante e suave crítica social na sua composição, e algo de experimentação com a língua castelhana em si.
Adrian'dos Delima
solo en barcelona
uno no se siente más yo
que cuando está solo en una
ciudad que no conoce
y además hay calles
desabridas
y oloroso silencio frente a
la sagrada familia
ese esqueleto de fantasma
cuyas puntas se pierden en
la noche del cielo
y el viento sopla frío
y las farolas están tristes
y las palmeras quedan
ridículas en aquel frío
y por fin la rambla
donde paseamos todos los
forasteros
y miramos cómo recogen las
flores
y las putas tan jóvenes y
negras
–como en tantos lugares–
y bajamos los ojos
y alguien mira y hace señas
y la ciudad es hostil de repente
y coges el metro en
drassanes
hasta el frío hostal donde
te alojas
y en la habitación piensas
estás solo
pero es que esta vez
querías estar solo
por eso es mejor que ella
no haya venido
y hubiese mar y olor
silencioso
fantasma de sagrada familia
y ciudad que no conoces
farolas tristes y la rambla
forasteros y putas y metro
y la habitación del hostal
donde estás solo
porque esta vez quieres
estar solo
.
.
só
em barcelona
um não
se sente mais eu
que
quando está sozinho em uma cidade que não conhece
e
além disso há ruas indelicadas
com
fileiras de dois faróis que não se detêm
e
perfumado silêncio em frente à sagrada família
esse
esqueleto de fantasma
cujas
pontas se perdem na noite do céu
e o
vento sopra frio
e
os postes estão tristes
e
as palmas ficam ridículas naquele frio
e
por fim a avenida
onde
passeamos todos nós forasteiros
e
cuidamos como colhem as flores
e as
putas tão jovens e sem graça
- como
em tantos lugares -
e baixamos
os olhos
e
alguém olha e faz sinais
e a
cidade é hostil de repente
e você
pega o metrô em drassanes
até
o albergue frio onde se hospeda
e
no quarto pensa você está sozinho
mas
só que esta vez queria estar sozinho
por
isso é melhor que ela não tenha vindo
e tivesse
mar e perfume silencioso
fantasma
da sagrada família e cidade que você não conhece
postes
tristes e a avenida
forasteiros
e prostitutas e metrô
e o
quarto do albergue onde você está sozinho
porque desta vez você quer estar sozinho
Tradução Adrian'dos Delima
***
cansancio ajeno
hay cada mañana una mujer maría
que se sienta al borde del abismo de su cama
mira hacia abajo antes de saltar
y duda sin remedio de si irá al trabajo
hay cada tarde un hombre manuel
que se sienta cansado en un banco del gimnasio
mira su peluda barriga que no baja
y piensa en sacar mañana todo su dinero e irse
hay también cada mañana un joven raúl
que coge sus libros para ir al instituto
mira con ojos dormidos el desorden de su mesa
y encuentra el cedé que le gustaría quedarse a escuchar
hay cada atardecer una abuela cipriana
que abandona con paso cansado el cementerio
mira con envidia la tumba del marido
y siente que pronto se liberará de su pesado cuerpo
hay cansancio en estos días extraños
y aunque me levanto de la mesa y lo dejo
me dan ganas de escribir al final del poema
que tal vez sean mis ojos los que se han cansado
.
cansaço alheio
a cada manhã há uma mulher maría
que se senta na beira do abismo de sua cama
olha para baixo antes de saltar
e duvida sem remédio se irá ao trabalho
a cada tarde há um homem manuel
que se senta cansado en un
banco do ginásio
olha sua peluda barriga que não baixa
e pensa em sacar amanhã todo seu dinheiro e sumir
a cada manhã há também um jovem raúl
que pega seus livros para ir à faculdade
olha com olhos de sono a desordem de sua mesa
e encontra o cd que gostaria de ficar ouvindo
a cada entardecer há uma avó cipriana
que abandona com passo cansado o cemitério
olha com inveja o túmulo do marido
e sente que logo vai se liberar do seu pesado corpo
nestes días estranhos há cansaço
e ainda que eu me levante da mesa e o deixe
me dá gana de escrever no final do poema
que talvez sejam meus olhos os que se cansam
Tradução Adrian'dos Delima
Francisco Cenamor (1965, Leganés, España). En 1999 Talasa Ediciones publica su primer libro, Amando nubes, lo que le posibilita viajar por toda España dando recitales. En 2003 sale su libro Ángeles sin cielo, editado por Ediciones Vitruvio, editorial que publica en 2007 su libro, Asamblea de palabras. En 2009, Ediciones Amargord publica su elaborado poemario Casa de aire. Incluido en antologías y revistas impresas y digitales, ha organizado numerosas actividades poéticas; actualmente coordina el Festival de poesía erótica Colectivo Hetaira.. Edita el blog literario Asamblea de palabras. Profesionalmente se dedica a impartir clases de interpretación y ha hecho pequeños papeles en películas y conocidas series de televisión. *
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Elena Guro, editora do futurismo russo. Poema de "Трое", "Os Três" (Ela, Kruchenykh e Khlebnikov), 1913, publicação post mortem.
Елена Гуро - Трое
– ЛЕНЬ
Eleonora
Genrikhovna von Notenberg, em russo Елена (Элеонора) Генриховна Гуро), (San
Petersburgo, 30 de maio de 1877 - Uchikirkko, Gran-Ducado da Finlândia, 6 de
maio de 1913) foi uma poeta e pintora que teve o grande mérito de ser editora
daquela que é considerada a primeira antologia do futurismo que é conhecido
entre nós, os falantes de língua portuguesa, e graças ao trabalho dos irmãos
Campos e do professor Bóris Schnaiderman, como cubofuturismo. "Uma
armadilha para juízes" (1910) contou com a participação de Velimir Khlebnikov, Vassíli Kamiênski, David
Burliuk e seu irmão Nikolai Burliuk.
O poema aqui publicado faz parte do livro “Os três”, ou
“Três” (Трое), nome que faz
referência aos três autores da coletânea, sendo os outros dois Kruchenykh e Khlebnikov. Com
ilustrações de Malevich e prefácio
de Matiúchin (marido de Elena e
músico autor de uma ópera futurista em parceria com Kruchenykh) “Os três” foi
concebido durante a vida de Guro, mas publicado em 1913.
Neste poema, mais do que humanizar a paisagem, a poeta
parece falar do humano através da sua percepção da paisagem. Elena Guro parece
ter usado uma espécie de rima recorrente, mais visual do que sonora, com a
palavra “ЛЕНЬ”. As diferenças
idiomáticas, principalmente etimológicas, não me permitiram manter toda esta
“tessitura visual” do original no português, tendo ela sido substituída por
outra, analogamente semelhante, porém não equivalente de todo.
Evitando prováveis mal-entendidos e até interpretações
maliciosas com relação à minha intenção estética como tradutor, informo que
este é o primeiro texto que traduzo da língua russa, e posponho à minha
tradução uma tradução livre e “literal” do poema, na medida que isto é
possível.
INDOLÊCIA
E indolência.
Por volta do meio-dia começava um
calor que aliviava.
Pelo lago cintilante se
move
O balançar.
Diamantino o salto de chispas.
Um minúsculo toque de telefone.
Motuca que zumbe.
Acima d’água
Pingos de orvalho indolentes.
À esquerda, na imagem, “Banhistas”, Nadir Afonso.
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