Muita arte na rede Ello. Visualize:

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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Elena Guro, editora do futurismo russo. Poema de "Трое", "Os Três" (Ela, Kruchenykh e Khlebnikov), 1913, publicação post mortem.



Eleonora Genrikhovna von Notenberg, em russo Елена (Элеонора) Генриховна Гуро), (San Petersburgo, 30 de maio de 1877 - Uchikirkko, Gran-Ducado da Finlândia, 6 de maio de 1913) foi uma poeta e pintora que teve o grande mérito de ser editora daquela que é considerada a primeira antologia do futurismo que é conhecido entre nós, os falantes de língua portuguesa, e graças ao trabalho dos irmãos Campos e do professor Bóris Schnaiderman, como cubofuturismo. "Uma armadilha para juízes" (1910) contou com a participação de  Velimir Khlebnikov, Vassíli Kamiênski, David Burliuk e seu irmão Nikolai Burliuk.

O poema aqui publicado faz parte do livro “Os três”, ou “Três” (Трое), nome que faz referência aos três autores da coletânea, sendo os outros dois Kruchenykh e Khlebnikov. Com ilustrações de Malevich e prefácio de Matiúchin (marido de Elena e músico autor de uma ópera futurista em parceria com Kruchenykh) “Os três” foi concebido durante a vida de Guro, mas publicado em 1913.
Neste poema, mais do que humanizar a paisagem, a poeta parece falar do humano através da sua percepção da paisagem. Elena Guro parece ter usado uma espécie de rima recorrente, mais visual do que sonora, com a palavra  “ЛЕНЬ”. As diferenças idiomáticas, principalmente etimológicas, não me permitiram manter toda esta “tessitura visual” do original no português, tendo ela sido substituída por outra, analogamente semelhante, porém não equivalente de todo.

Evitando prováveis mal-entendidos e até interpretações maliciosas com relação à minha intenção estética como tradutor, informo que este é o primeiro texto que traduzo da língua russa, e posponho à minha tradução uma tradução livre e “literal” do poema, na medida que isto é possível.











                                                                                                                                                                               
                                                                                                                                                                                                                     INDOLÊCIA

E indolência.
Por volta do meio-dia começava um calor que aliviava.
Pelo lago cintilante se move
O balançar.
Diamantino o salto de chispas.
Um minúsculo toque de telefone.
Motuca que zumbe.
Acima d’água
Pingos de orvalho indolentes.




À esquerda, na imagem, “Banhistas”, Nadir Afonso.

6 comentários:

  1. Parece-me bem conseguida a tradução, tendo em conta a tradução literal.

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  2. Adriando,
    tu traduziste, guri? nossa!!!
    está ótimo, que habilidades linguísticas tu tens ;)

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  3. Agradeço, Adriana, por lembra-me de assinar o que faço, eh eh. Obrigado, Lico. realmente. Na tradução que chamo de literal, acrescento à idéia de "aquecendo, esquentando" a ideia de "aconchego, alívio", que é uma possibilidadade da palavra russa para este "calor, aquecimento", naturalmente, já estamos falando de um lugar (um tanto!) frio. Coloquei simultaneamente duas acepções da palavra e não uma apenas. O mais difícil foi recriar os dois sentidos artisticamente. Acho que com o meu "vinha um calor" eu posso ter conseguido passar um pouco das duas ideias, sem desfigurar a arte do poema. Abraço a todos. E viva os poetas-editores como Guro, eh eh.

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  4. Cara, sempre uma boa surpresa encontro aqui. Poetas e artistas raros em nossa língua!

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  5. OBRIGADO. A IDÉIA É SURPREENDER, QUE É A MESMA IDÉIA DA POESIA, TODA. E HÁ UM GRANDE ESFORÇO MEU PARA QUE ISTO ACONTEÇA, E O ESTÍMULO DE OUTROS POETAS, TRADUTORES, ETC, PESSOAS COMO VOCÊ. POR OUTRO LADO, HÁ ESTÍMULOS CONTRÁRIOS, MUITO OBSTÁCULOS E, INCLUSIVE, PESOAS QUE SE ESFORÇAM PARA QUE NADA DÊ CERTO, E QUE NÃO HAJA UM TRABALHO BEM DESENVOLVIDO AQUI. ABRAÇO, RAFAEL.

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  6. 100 anos da morte da editora, poeta e pintora, em 6 de maio.

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