Елена Гуро - Трое
– ЛЕНЬ
Eleonora
Genrikhovna von Notenberg, em russo Елена (Элеонора) Генриховна Гуро), (San
Petersburgo, 30 de maio de 1877 - Uchikirkko, Gran-Ducado da Finlândia, 6 de
maio de 1913) foi uma poeta e pintora que teve o grande mérito de ser editora
daquela que é considerada a primeira antologia do futurismo que é conhecido
entre nós, os falantes de língua portuguesa, e graças ao trabalho dos irmãos
Campos e do professor Bóris Schnaiderman, como cubofuturismo. "Uma
armadilha para juízes" (1910) contou com a participação de Velimir Khlebnikov, Vassíli Kamiênski, David
Burliuk e seu irmão Nikolai Burliuk.
O poema aqui publicado faz parte do livro “Os três”, ou
“Três” (Трое), nome que faz
referência aos três autores da coletânea, sendo os outros dois Kruchenykh e Khlebnikov. Com
ilustrações de Malevich e prefácio
de Matiúchin (marido de Elena e
músico autor de uma ópera futurista em parceria com Kruchenykh) “Os três” foi
concebido durante a vida de Guro, mas publicado em 1913.
Neste poema, mais do que humanizar a paisagem, a poeta
parece falar do humano através da sua percepção da paisagem. Elena Guro parece
ter usado uma espécie de rima recorrente, mais visual do que sonora, com a
palavra “ЛЕНЬ”. As diferenças
idiomáticas, principalmente etimológicas, não me permitiram manter toda esta
“tessitura visual” do original no português, tendo ela sido substituída por
outra, analogamente semelhante, porém não equivalente de todo.
Evitando prováveis mal-entendidos e até interpretações
maliciosas com relação à minha intenção estética como tradutor, informo que
este é o primeiro texto que traduzo da língua russa, e posponho à minha
tradução uma tradução livre e “literal” do poema, na medida que isto é
possível.
INDOLÊCIA
E indolência.
Por volta do meio-dia começava um
calor que aliviava.
Pelo lago cintilante se
move
O balançar.
Diamantino o salto de chispas.
Um minúsculo toque de telefone.
Motuca que zumbe.
Acima d’água
Pingos de orvalho indolentes.
À esquerda, na imagem, “Banhistas”, Nadir Afonso.
Parece-me bem conseguida a tradução, tendo em conta a tradução literal.
ResponderExcluirAdriando,
ResponderExcluirtu traduziste, guri? nossa!!!
está ótimo, que habilidades linguísticas tu tens ;)
Agradeço, Adriana, por lembra-me de assinar o que faço, eh eh. Obrigado, Lico. realmente. Na tradução que chamo de literal, acrescento à idéia de "aquecendo, esquentando" a ideia de "aconchego, alívio", que é uma possibilidadade da palavra russa para este "calor, aquecimento", naturalmente, já estamos falando de um lugar (um tanto!) frio. Coloquei simultaneamente duas acepções da palavra e não uma apenas. O mais difícil foi recriar os dois sentidos artisticamente. Acho que com o meu "vinha um calor" eu posso ter conseguido passar um pouco das duas ideias, sem desfigurar a arte do poema. Abraço a todos. E viva os poetas-editores como Guro, eh eh.
ResponderExcluirCara, sempre uma boa surpresa encontro aqui. Poetas e artistas raros em nossa língua!
ResponderExcluirOBRIGADO. A IDÉIA É SURPREENDER, QUE É A MESMA IDÉIA DA POESIA, TODA. E HÁ UM GRANDE ESFORÇO MEU PARA QUE ISTO ACONTEÇA, E O ESTÍMULO DE OUTROS POETAS, TRADUTORES, ETC, PESSOAS COMO VOCÊ. POR OUTRO LADO, HÁ ESTÍMULOS CONTRÁRIOS, MUITO OBSTÁCULOS E, INCLUSIVE, PESOAS QUE SE ESFORÇAM PARA QUE NADA DÊ CERTO, E QUE NÃO HAJA UM TRABALHO BEM DESENVOLVIDO AQUI. ABRAÇO, RAFAEL.
ResponderExcluir100 anos da morte da editora, poeta e pintora, em 6 de maio.
ResponderExcluir